Extinções em massa
Se as árvores desaparecessem da noite para o dia, o mesmo ocorreria com grande parte da biodiversidade do planeta.
A perda de habitat já é o principal fator de extinção no mundo, portanto, a destruição de todas as florestas remanescentes seria catastrófica para plantas, animais, fungos e muito mais, diz Jayme Prevedello, ecologista da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. "Haveria extinções em massa de todos os grupos de organismos, local e globalmente".
A onda de extinções iria além das florestas, acabando com a vida selvagem que depende de árvores únicas e pequenas.
Em 2018, Prevedello e seus colegas descobriram, por exemplo, que a riqueza geral de espécies era 50% a 100% maior em áreas com árvores do que em áreas abertas. "Mesmo uma única árvore isolada em uma área aberta pode atuar como um 'ímã' da biodiversidade, atraindo e fornecendo recursos para muitos animais e plantas", diz Prevedello.
"Portanto, a perda de árvores individuais pode afetar gravemente a biodiversidade localmente."
O clima do planeta também seria drasticamente alterado no curto e longo prazos. As árvores agem como bombas hidráulicas biológicas: sugam a água do solo e a depositam na atmosfera, transformando-a de líquido em vapor. Ao fazer isso, as florestas contribuem para a formação e precipitação de nuvens.
As árvores também evitam inundações, aprisionando a água em vez de deixá-la entrar em lagos e rios e protegendo comunidades costeiras de tempestades. Mantêm o solo no lugar que, de outra forma, seria levado pela chuva, e suas estruturas radiculares ajudam as comunidades microbianas a prosperar.
Sem árvores, as áreas anteriormente florestadas se tornariam mais secas e propensas a secas extremas. Quando a chuva chegasse, as inundações seriam desastrosas. A erosão maciça impactaria os oceanos, sufocando recifes de coral e outros habitats marinhos. Ilhas sem árvores perderiam barreiras contra o avanço do mar. Muitas desapareceriam.
"Remover árvores significa perder grandes quantidades de terra para o oceano", diz o ecologista Thomas Crowther, autor principal do estudo publicado na Nature em 2015.